quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Como tudo começou...

    
    Desde muito pequena nunca entendi realmente o que acontecia comigo, era muito complicado para uma criança de 6 anos explicar para a mãe que estava vendo fantasmas, a questão não era o fato de minha mãe não acreditar em mim, mas sim de eu acreditar em mim, sempre fui uma criança um tanto consciente demais para a idade e então para mim era apenas imaginação de minha cabeça.


    Graças a Deus, como tudo na vida acontece por um motivo, eu tive grande sorte de ter uma mãe espírita, que sempre me deu apoio em tudo e assim aos poucos fui perdendo a vergonha de lhe contar. Ela tinha um centro espírita em casa, era o centro dela e de meu amado tio, por esse centro ser em casa eu o frequentava, muitas vezes as escondida, pois mamãe dizia que eu era pequenina demais para isso.


    Assim eu fui crescendo em meio a essa magia que não entendia muito bem mas sempre me foi fascinante, os espíritos muito evoluídos do centro foram me dando apoio, ajudando a aceitar essa minha habilidade.


     Lembro-me da época que um amigo espiritual vinha me visitar, ele vinha muito cheio de molejo, muito cheio de risadas e Deus como eu amava suas vestimentas, era tão agradável e divertida ao meu modo de ver, ele vinha vestido com um terno todo colorido, as vezes era colorido com figuras geométricas, outras era um terno de bolinhas, e ainda outras ele me vinha idêntico a um personagem de TV que eu muito gostava, o Máscara. Depois de um certo tempo, com minha mãe sempre achando muito divertido o que nosso amigo fazia por mim, que eu descobri que ele era um dos espíritos queridos que vinha nos ajudar no centro.


    Para mim dia de centro era dia de festa, havia sempre muitas pessoas em casa, os filhos do centro que vinham toda semana todos sempre emitindo muito amor e alegria; na hora em que começava o centro todos muito respeitosos, como se estivessem em uma sala de aula, palavras feias não eram mais ditas, escutando a sabedoria do mais velho, respeitando as diferenças. Tenho cá para mim que foi nessa época que aprendi muitas coisas sobre os valores que nós temos que ter, nessa época foi quando já comecei a absorver todo aprendizado, normalmente o que me era dito ali eu não esquecia.


    Um certo dia, no meio de uma gira (assim que chamamos cada vez que nos reunimos no centro) meu padrinho espiritual me chama de canto e com seu jeito sempre carinhoso e sua fala mansinha me disse: 'Filha, você tem uma missão a cumprir na Terra, o que lhe foi dado, o dom da visão, não foi a toa, foi certamente com um propósito maior, que todos que o leva tem, mas isso não é coisa para ser conversada agora, mas só mais uma coisa minha filha, para quem muito é dado, muito se é cobrado...' E essas palavras, principalmente as últimas, nunca saíram de minha mente.


    Cresci escutando histórias maravilhosas da época em que meu querido avô era vivo, como ele era bondoso, honesto e justo. Infelizmente não tive a sorte de conhece-lo, pois quando nasci ele já havia falecido, mas as histórias de mamãe me deixavam com uma saudade inexplicável, ela me deixava tão encantada por ele com as histórias na mesa de jantar, contava muitas repetidas que eu já até sabia o final, mas o brilho no olhar dela, o brilho que ela me contava dos meus avós me fez ama-los tanto quanto se eu os tivesse conhecido realmente, sim escrevo no plural pois não conheci nem meu querido avô e nem minha querida avó, ficava olhando para o quadro que temos do meu avô e as vezes me batia uma forte dor por não te-lo conhecido em vida. Até que um dia, estava eu deitada em minha cama chorando e me sentindo o ser mais só do mundo, de repente eu sinto um amor tão grande vindo a mim e me recolhendo, quando dei por mim vi ele, meu tão amado avô, sentado ao meu lado na cama, dando carinho em minha cabeça, fazendo-me mais calma; nesta noite foi assim que adormeci.


    Não irei mentir para vocês, eu já tinha visto meu avô anteriormente, mas sempre de longe, nunca tinha sentido sua energia tão forte, nada comparável a aquela noite; e foi depois deste maravilhoso episódio que Deus deixou que acontecesse em minha vida que eu percebi como é bom ver 'além da vida', logicamente após isso ocorreram muitos fatos que me convenceram disso, mas naquela época em que eu era somente uma menininha esse foi o fato decisivo.


    No nosso centro espírita, já me perguntaram algumas vezes se eu gostaria de fechar essa visão, pois eu vejo muitos espíritos maus, trevosos ou perdidos, e para a idade que eu tinha poderia afetar a minha vida normal, mas eu não sentia vontade disso, me achava muito curiosa, aliás no próprio centro me chamavam de xereta alguns, tentaram fazer com que diminuísse um pouco essa visão, mas nada adiantava sempre voltava ao normal ou um pouco mais forte.


    Hoje em dia nem se cogita no fato de eu querer ou não fechar essa visão, e se me perguntassem a minha resposta seria a mesma, NÃO! Aprendi que se Deus me deu esse dom da visão por algum motivo foi, se Deus me deu isso não há porquê questionar, não pensem que é uma questão de obrigação, está muito além disso, eu tenho o orgulho de dizer que hoje em dia ajudo e muito em meu centro com a minha visão, tenho o orgulho de lhes contar que um dia vi um espírito perdido aqui em casa e o ajudei, não fui eu quem o ajudei, eu simplesmente avisei minha mãe e então fizemos uma mesa branca e o orientamos, eu me sinto muito bem quando consigo ajudar uma alma perdida, nem que seja com uma simples oração; tenho muitos mais motivos do que ter a graça de ver meu avô para querer ainda ter minha visão. 


    Depois de tanto tempo eu realmente entendi a frase que meu amado padrinho me disse um dia, a minha mediunidade foi dada por Deus, ao me dar essa mediunidade Ele me deu ao mesmo tempo uma responsabilidade, quem tem responsabilidades tem que cumpri-las; tudo tem seu lado bom e ruim, tenho a chance de ver meu querido avô e posso ajudar, ou melhor, devo ajudar quem precisa; Deus me deu, Deus me tira.


    Sei que há muitas pessoas, principalmente nos tempos de hoje, com essa mediunidade aflorada; muitas pessoas sem saber o que fazer, muitas pessoas com vergonha. Realmente se a vergonha existe é porque existe uma sociedade preconceituosa em relação as coisas. Logicamente temos que tomar cuidado com tudo, a questão não é a vergonha do próximo, a questão é a vergonha de si mesmo, isso não devemos ter, devemos agradecer a Deus pela graça nos dada e usá-la para o bem.


    Voltando ao começo de tudo, deixei aqui descritos algumas coisas que aconteceram comigo, algumas idéias minhas, realmente a partir dos meus 6 anos de idade que tudo começou.


Memórias - 21/11/2011

2 comentários:

  1. Nossa uma senhora lição para muitos, Memórias tem muito a nos contar, e eu garanto que estarei aqui para ler, como é bom aprender, obrigado querida por compartilhar suas experiências, sei que serão úteis a muitos, beijos Luconi

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  2. Olá vim ver teu espaço e gostei vou levar o link e colocar nomeu blog está bom abraços de paz .Me visite também *ervas e aromas *

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